E se a tua maior maldição fosse viver eternamente?! Uma história contada, onde o surreal de uma maldição vem assombrar uma mulher que negou a morte!

09
Abr 09

 

Sim! Cada vez que conto esta história arrepiam-se os meus cabelos, só de me lembrar o quão se assemelha com a minha… Olha o meu chá, já ferve, já ferve… Bem! Agora não é altura de lamentar os meus erros. Isso, já basta quando a noite se põe e me envolvo em pensamentos que só aleijam a alma em vez de repousar em sonhos bonitos. Pois é! O mundo é cruel e para mim não poupou esforços. Todas estas rugas que se expressam no meu rosto vieram de algum sítio e acreditai que não foram dos melhores. Chego a pensar que desci ao inferno sem ter dado conta disso. Mas pronto! Ainda tenho tempo para vos contar isto tudo com todos os pormenores que embelezam uma vida que já não se lembra o que é ser feliz.
Mas antes disso vou acabar o meu chá e acender a lareira, que a noite aqui é fria. Mas, no entanto, a cidade é linda e quando o sol se põe as luzes acendem-se e como que por milagre parece que continua de dia. Paris! Dizem eles a “Cité des Lumières”. Não sei, mas era bem capaz de ficar cá mais uns tempos, aproveitar esta beleza histórica, onde permanece a alma dos reis. Não fosse eu também uma alma que por aqui anda.
No outro dia, andava eu pela rua, numas destas sem relevância, que ninguém se lembra de visitar. Antes preferem a “Toure Eiffel”, o “Louvre” e “Notre-Dame”, que ver a beleza simples dos cantos esquecidos. E nessa minha caminhada, que Deus sabe tanto me ter custado, encontrei um miúdo. Oh! Miúdo mas graúdo… reguila o catraio, bem espevitado. Chutava a bola contra as paredes das casas com um ar revoltado. Quando encostei a minha mão ao seu ombro e o seu rosto se voltou para mim… aqueles doces, meigos e inocentes olhos choravam. Já fazia há bastante tempo que o meu coração não se inquietava com tamanho olhar. Não pude deixar de lhe perguntar o que tinha, porque estaria ele a chorar? E o rapazito, na sua tristeza inocente, queixava-se do amor. O miudinho, tão novo de idade, já chorava porque a rapariga de quem ele gostava não lhe correspondia em sentimentos. Lá conversei com ele e dei-lhe uma moeda para ele ir ao fundo da rua comprar um rebuçado, daqueles grandes, que ajudam a esquecer a mágoa.
Oh sim! O amor é algo tão dramático. Capaz de nos fazer sonhar, como de nos fazer chorar. E eu bem sei disso. Acho que o meu maior pecado foi amar. Foi o amor que me trouxe esta maldição… e para quê? Para agora estar aqui a lamentar-me, como uma velha, que apesar de se queixar do amor, sente saudade de sentir o seu coração bater. Ai! Aqueles olhos inocentes… Se soubessem que o amor é capaz de nos levar à loucura!
Bem! Deixemo-nos de pensamentos melodramáticos. Vinde, vinde para a sala, que já está da hora de eu começar. Queria ver se vos acabava a história antes que fosse horas de me ir deitar. Sinto que amanhã vai ser um dia exaustivo. Huuuum! Sim! Amanhã o dia vai ser diferente e isso não é lá bom sinal. A última vez que senti isso foi há oitenta e dois anos e sempre que o ciclo acaba vêm estes pressentimentos que me dizem que o destino, mais uma vez, se cumpre e que a minha sigma ainda é a mesma.
Mas sentai-vos, sentai-vos, que já ides perceber toda esta baboseira que por aqui vos digo.
Quem poderia imaginar, que algum dia iria sofrer uma terrível maldição?
Quem?
Se eu soubesse, tudo teria sido tão diferente…             
publicado por stevs às 20:09

10 opiniões:
Olá liliana!!
Não, não desisti... mas ando meio (para o muito) ocupado com os trabalhos da escola e com as frequências, de modo que quem leva por tabela é o blog e a história!!! Mas mal consiga avançar eu coloco aqui mais uma parte :P
Obrigado por mesmo assim seguires este blog!
stevs a 10 de Maio de 2009 às 02:53

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